Resiliência

Moçambicanos e Moçambicanas partilham histórias de resiliência urbana.

Texto Jadi Miranda

Fevereiro 2, 2017

Nikon D800 | Lente 14-24mm f2.8 | Lente 24-85mm f2.8 | Lente 85mm f1.8

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Nota: Texto baseado em entrevistas e relatório anual da PRODEM, por Nina B. Jørgensen. 

Quando viaja pelo país fora para fotografar projectos de desenvolvimento, o Joca tem a oportunidade de conhecer e fotografar pessoas notáveis. Volta para casa com histórias de vida triviais, mas, ainda assim, singulares. São histórias de Moçambicanos e Moçambicanas que alavancam a ajuda externa para melhorarem o seu dia a dia.

Estas imagens foram capturadas para o Programa de Desenvolvimento Municipal (PRODEM) em Nampula, Cabo Delgado e Niassa e revelam algumas das actividades nas quais o programa está envolvido. Com boa governação e capacitação dos técnicos dos municípios em resiliência climática e na redução dos problemas de resíduos sólidos, o PRODEM pretende melhorar a vida dos munícipes que vivem nas áreas vulneráveis.

Imo Joma é motorista do Conselho Municipal de Monapo na província de Nampula onde faz a recolha do lixo das ruas da aldeia para um aterro próximo. 

Em Monapo, uma aldeia com cerca de 130 mil habitantes, o PRODEM apoiou o município com o plano de recolha e transporte de resíduos sólidos e com um tractor para o efeito. Foi para capturar essa recolha de lixo que o Joca conheceu Imo Joma. No sorriso deste Monapoiano está patente o brio que devota ao seu trabalho. E não é em vão. Monapo tinha lixo acumulado nas ruas. Desde que Imo começou a conduzir o tractor Sonalika e a transportar o lixo da área residencial de Monapo para um aterro a poucos quilómetros da vila, a situação melhorou.

“Comecei a conduzir este tractor no dia 27 de Dezembro de 2016. Foi um momento lindo. Maravilhoso. Gostoso.”Imo Joma Ibrahim, motorista do Conselho Municipal de Monapo.

A norte de Monapo, em Nacala, o PRODEM está também a apoiar o município. O propósito é de aliviar os munícipes da expansão urbana e dos efeitos das chuvas e da erosão. A cidade está em crescimento rápido e com ela cresce também o seu mercado grossista, o mercado Namapa, situado à beira da estrada da cidade alta por onde passam viaturas e camiões de grande tonelagem. A convergência resulta em acidentes de viação, especialmente atropelamentos. É por esta razão que o mercado vai mudar de lugar ou, pelo menos, assim o desejam os vendedores e compradores que aqui assomam todos os dias para comprar produtos agrícolas. O Joca pôde testemunhar um pouco do processo de mudança de localização do mercado numa visita ao local actual com o pessoal do PRODEM e com a Directora da área de Indústria, Comércio e Turismo do Município de Nacala-Porto, Quissia Silvia Nihia.

O espaço actual do mercado Namapa não suporta a sua expansão. Hoje, a estrada que liga o centro da cidade de Nacala e o mercado, coexistem num espaço frenético em detrimento dos seus utentes.
Momentos do mercado de Nacala-Porto onde se podem comprar peças de vestuário em segunda mão, vulgo calamidades.

“Concordo que é uma boa ideia mover o mercado local para um sítio melhor e mais saudável. Os meus ananases não ficarão tão cheios de poeira e poluição”Pedro Ismaila (18), vendedor de fruta do mercado Namapa

A Directora da área de Indústria, Comércio e Turismo do Conselho Municipal de Nacala-Porto, Quissia Silvia Nihia (à esquerda), em conversa com alguns vendedores que serão afectados pela mudança da localização mercado Namapa. 

“Temos um mercado que está mesmo na beira da estrada, que tem grande risco de acidentes” Quissia Nihia, acerca da relocalização do mercado Namapa.

 

 

Por fim, Joca conheceu António Chale, técnico do município de Nacala, que tem trabalhado com o PRODEM para mitigar o efeito da erosão e inundações nos residentes mais vulneráveis da cidade.

Nacala, como outras cidades costeiras em Moçambique, tem problemas de erosão. Nas áreas junto ao mar e ao porto de Nacala, o município tem um grande desafio: a erosão está a criar enormes ravinas, e cada vez mais terra é devorada pelo mar. Quando há chuvas fortes, a areia desloca-se da zona alta para a zona baixa da cidade onde, ao acumular-se, bloqueia os canais da água, voltando a provocar sérias inundações.

António Chale diz que é difícil manter os solos porque a população remove a camada vegetal. A assistência técnica ao planeamento urbano relacionado com a habitação informal para resiliência às mudanças climáticas é uma das principais áreas de apoio do PRODEM em Nacala.

“Toda esta zona tem um problema de erosão. Precisamos uma intervenção. Se isto continua por mais anos já não vamos ter Nacala. Vai desaparecer do mapa de Moçambique. É sério” António Chale, técnico do município de Nacala na área de erosão